Jesus Barrabás ou Jesus Cristo?

The-Passion-of-The-Christ_2Leandro Quadros

“Barrabás era chamado ‘Jesus Barrabás’? E Cristo também era ‘Jesus’? Então eram dois ‘Jesus’?”

Sua pergunta merece uma atenção especial, porque trata de algo muito sagrado: o nome do nosso Salvador.

Amigo, imagino que esta pergunta sua se origina de uma leitura de Mateus 27:16, em alguma Bíblia da versão “A Bíblia na Linguagem de Hoje”, edição da SBB. Por exemplo, na Bíblia Jovem Amigo, em Mateus 27 verso 16 fala sobre um homem muito conhecido chamado Jesus Barrabás. Era o preso que estava para ocupar o lugar de condenação à morte que foi outorgado a Jesus Cristo.
Note que já estamos falando de duas pessoas, cujo um dos nomes era “Jesus”.
Não são todas as traduções da Bíblia que identificam esta composição dos dois nomes de Barrabás. Veja um exemplo comparativo de três versões na língua portuguesa:

  • João Ferreira de Almeira – Revista e Atualizada: “Naquela ocasião, tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás”.
    · Nova Tradução na Linguagem de Hoje: “Naquela ocasião estava preso um homem muito conhecido, chamado Jesus Barrabás”.
    · João Ferreira de Almeida: “E tinham então um preso bem conhecido, chamado Barrabás”.
    · João Ferreira de Almeida Atualizada: “Nesse tempo tinham um preso notório, chamado Barrabás”.
    · Young’s Literal Translation: “and they had then a noted prisoner, called Barabbas,”
    · Reina Valera Bible: “Y tenían entonces un preso famoso que se llamaba Barrabás”.
    · Sagradas Escrituras (español): “Y tenían entonces un preso famoso que se llamaba Barrabás”.
    · Versão Grega Moderna, a partir de cópias de manuscritos na língua original e Transliteração para nosso alfabeto:
    · “eicon de tote desmion epishmon legomenon [ihsou] barabban”
    · “eichon de tote desmion episêmon legomenon [iêsoun] barabban”.

Note que, das oito versões apresentadas acima, apenas duas apresentam o nome Jesus, ligado a Barrabás: NTLH e VGM. Na Versão Grega Moderna, o correspondente grego “Iêsou” aparece entre colchetes, o que nos mostra que tal palavra está presente em alguns manuscritos e ausente em outros. Esta é a razão que leva vários tradutores a omitirem o nome. Mas como saber se este nome estava no original ou não?
“Jesus” é a adaptação portuguesa da forma grega “Iêsoun” do nome, em português: “Josué”, que em hebraico era “Yehoshua”, o filho de Num. Era um nome muito comum no meio hebreu. Existiram vários outros homens israelitas com este nome. Um exemplo está em Colossenses 4:11, quando Paulo escreve afetuosamente de um ‘Jesus, conhecido por Justo’. Este Jesus citado em Colossenses, um cristão, foi um dos cooperadores do Apóstolo em Roma, e bastante o animou nas suas provações.
Na Bíblia, esta personagem com este nome: “Barrabás”, é única. Este homem é citado 11 vezes, nas seguintes passagens: Mt 27:16, 17, 20, 21 e 26; Mc 15:7, 11, 15; Lc 23:18 e 19; e Jo 18:40. Ele foi aquele a quem Pilatos libertou, em conformidade a um antigo costume na Páscoa, deixando Jesus preso. Difere nos quatro Evangelhos a descrição do crime pelo qual aquele homem tinha sido lançado na prisão. Em Mt 27.16 ele é apenas ‘um preso muito conhecido’; Marcos diz (15:7) que Barrabás tinha sido ‘preso com amotinadores, os quais em um tumulto haviam cometido um homicídio’; Lucas confirma a exposição de Marcos, mas afirma também que a insurreição tinha sido na própria cidade de Jerusalém; e Zoão (18:40) não diz mais do que isto: ‘Barrabás era salteador’.
A evidência textual tende a ser mais evidente que no original tenham sido usados os dois nomes: “Jesus” “Barrabás”. O nome “Jesus” significa “Salvador”, ou “Deus é Salvador”. Pilatos ofereceu ao povo a possibilidade de escolher entre um que pretendia ser um “salvador” político, que prometia a libertação da tirania de Roma, e o “Salvador” do mundo, que tinha vindo salvar ao homem da tirania do pecado. Mas o povo preferiu submeter-se à liderança de Barrabás antes que à de Cristo.
Este paradoxo exposto ao povo para que fizesse tal escolha ainda pode ser visto no outro nome de cada uma das personagens que estamos comentando, “Barrabás” ou “Cristo”.
Intrigantemente, a palavra “Barrabás” significa “Filho do pai”, ou “Filho do Rabi”. O texto apresenta a Barrabás como uma pessoa famosa. Esta qualidade vem de um termo grego que significa, “marcado”, “ilustre”, “notório”. É provável que Barrabás fosse o cabeça, ou um dos cabeças, de uma revolta que tinha ocorrido recentemente em Jerusalém. Os anais históricos da época indicam que as revoltas e as insurreições eram comuns tanto na Judéia como na Galiléia.
Por outro lado, o outro nome do outro “Jesus” era “Cristo” (Mt 27:17). “Cristo” é a adaptação portuguesa do termo grego “christou”, que é a tradução da palavra hebraica Messias. Messias, no hebraico, ou Cristo, no grego, traduzido para o português é: “O Ungido”. Tratava-se especificamente do “Prometido”, o “Libertador” de Israel esperado em toda sua história. Para aquele povo, apenas três pessoas eram ungidas: o profeta, o sacerdote e o rei. Quando André exclamou “Achamos o Messias!” (Jo 1:41), pelo fato de que Jesus não era, por reconhecimento, de nenhuma destas três categorias, o discípulo estava dizendo: “Ele é meu Profeta, meu Sacerdote e meu Rei!”
Portando o povo que estava diante de Pilatos deveria escolher que tipo de “salvador” eles queriam ter. Alguém que pretendesse tratar com assuntos terrenos e passageiros, sendo um cabeça revolucionário, preocupado com apenas a libertação política e financeira de seu povo, ou Alguém que fosse um “Salvador” em termos espirituais e eternos, sendo o ungido de Deus, para ser seu Profeta Sacerdote e Rei.
Deviam dar uma definição à pergunta que Pilatos fez (Mt 27:22): “Que farei de Jesus, chamado o Cristo?” O mesmo que, queiramos ou não, temos que fazer hoje. Escolher que tipo de salvador queremos para a nossa vida. Os interesses mais palpáveis, passageiros e terrenos, ou os valores não tão visíveis, mas eternos.

Um abraço,

 

Ver o video: https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=f1Xvc1GWYK4

Pastor Valdeci Júnior

http://leandroquadros.com.br/jesus-barrabas-ou-jesus-cristo/

Síndrome do Pânico: o medo à flor da pele

Capturar5Poucas coisas podem ou conseguem ser mais perturbadoras na vida do que a sensação ou a iminência de perdê-la. Acometidos pela Síndrome do Pânico são pegos de surpresa pela força avassaladora da primeira crise; e, é esse evento que acontece sem aviso prévio, que faz com que a pessoa sinta-se refém da avalanche de sensações intensas e assustadoras que envolvem o episódio. E, pior que isso, sinta-se vulnerável pelo medo de que a situação se repita. Quem sofre de Síndrome do Pânico sente-se preso num quarto escuro, envolto por opressores invisíveis que infringem dor, angústia e desconforto. E, quando a crise passa, o choque e o pavor são substituídos por tensão e medo de jamais encontrar a chave para abrir o quarto e ter direito à volta de sua vida lá fora.

 

Tudo começa com a primeira crise. Antes disso, a pessoa ia tocando a sua vida; aparentemente não apresentava nenhum sinal de problemas de saúde física ou psíquica. Ocorre que, em geral, o Pânico atinge pessoas que vêm sendo submetidas a situações prolongadas de estresse; insatisfação com a vida profissional ou emocional; perdas materiais ou afetivas; falta de objetivos e perspectivas; instabilidade financeira; frustração com seu próprio desempenho ao longo da vida. Ora, vivendo em um mundo regido pela competição sem limites; com exigência de performances impecáveis na vida pessoal ou profissional; pautado na aparência e felicidade via conquistas materiais, parece quase impossível não ser acometido por essas perturbações.

 

A ansiedade é um estado emocional que compõe a nossa maneira de interagir com o mundo. Ficamos ansiosos antes de uma entrevista de emprego; na véspera de um exame; nas horas que antecedem um encontro amoroso; com a perspectiva de consolidar uma conquista… Ocorre que a Síndrome do Pânico caracteriza-se por um estado de ansiedade que escapa aos padrões aceitáveis, fazendo com que a pessoa torne-se incapaz de cumprir com suas rotinas e, mesmo, perca a capacidade de sentir prazer com as atividades mais agradáveis, lúdicas ou de lazer.

 

Enfim, ficar ansioso, é parte do processo de experimentação das situações da vida e do auto-conhecimento. A ansiedade passa a ser um problema quando afeta negativamente a rotina; quando constitui elemento desencadeador da sensação de incapacidade, falta de controle, desespero e perda de contato com os recursos que nos ajudam a reequilibrar nossas emoções diante de episódios de risco, excitação, conflitos ou perigos.

 

A Síndrome do Pânico é diagnosticada a partir da repetição de episódios de crises. Aqueles que a enfrentam descrevem que são repentinamente acometidos por sensações físicas que podem envolver: sensação de não poder respirar; medo de morrer; dor no peito; palpitações; tontura; náuses; suor excessivo; taquicardia; tremor; medo de perder o controle; dormência ou formigamento nas mãos, pés ou rosto; dor de cabeça forte; calafrios e ondas de calor. Tudo isso, ou pelo menos quatro desses sintomas, ocorrem simultaneamente e podem perdurar em média de 10 a 20 minutos.

 

O gatilho é constituído por uma relação que a pessoa estabelece entre a ocorrência da crise e o local onde estava ou o que estava fazendo naquele momento. Então, se a pessoa estava dirigindo, por exemplo, quando ocorreu a crise, ela passa a ter medo de dirigir porque acredita que será atingida por uma nova crise toda vez que for dirigir. Ou, se a pessoa estava no elevador, por exemplo, passa a associar a permanência nesse local à ocorrência da crise. O estabelecimento de relação entre as crises e locais ou ocupações, fazem com que a pessoa passe a ter dificuldades de manter seus afazeres, justamente pelo medo de que a crise se repita. Há pessoas que deixam de sair de casa; não conseguem mais ficar sozinhas; passam a ter medo de tudo que possa colocá-las novamente naquela situação de sofrimento.

 

A insidência de Síndrome do Pânico é 70% maior em mulheres (pode haver uma falha nessa medida pelo fato de que os homens costumam buscar menos ajuda quando da ocorrência de transtornos de ansiedade) ; em geral ocorre por volta dos 25 anos (mas pode acontecer em qualquer idade). Infelizmente, não há causas específicas que possam garantir às pessoas atitudes efetivamente preventivas. Algumas hipóteses apontam para fatores genéticos, já que 35% das pessoas com Síndrome do Pânico têm familiares de 1º grau já acometidos pela doença. Outra hipótese é de que o paciente com a Síndrome sofra de uma disfunção neurológica do sistema de alerta, uma vez que em situações de medo ou perigo, nosso sistema de alerta é acionado pelo cérebro.

 

Uma vez diagnosticada a Síndrome do Pânico, deve-se iniciar o tratamento cujo objetivo principal é diminuir gradativamente o número de crises. O tratamento ideal é feito de forma conjunta por Psiquiatra e Psicólogo, podendo haver necessidade de uso de medicamentos. Há muitos tipos de psicoterapia capazes de auxiliar no tratamento da Síndrome; tem-se mostrado mais eficaz a Terapia Cognitivo-Comportamental, pois por meio dela o paciente alcança recursos para compreender o funcionamento dos ataques de Pânico e, aos poucos, consegue perceber quando eles começam e passa a ter, gradativamente maior tranquilidade e menos medo de novos ataques. Uma vez que é o medo que traga a pessoa para dentro da crise, a sua compreensão ajuda o paciente a administrá-lo.

 

Conviver com a Síndrome do Pânico é um enorme desafio para quem sofre diretamente com a doença e, numa escala menor, para quem convive com o paciente. Os familiares e pessoas mais próximas de quem esteja sofrendo com a Síndrome precisam informar-se a respeito, para poder entender que trata-se de uma doença; não é “chilique”; não é invenção; muito menos algo que se provoque intencionalmente. Síndrome do Pânico é assunto para ser tratado com seriedade; compaixão; acompanhamento médico e psicológico. Diferente de outras disfunções emocionais, a Síndrome do Pânico pode ter cura, desde que o paciente receba tratamento adequado. E ela depende diretamente do estabelecimento de uma força conjunta de todos os envolvidos para que ocorra a remissão dos sintomas; e a pessoa tenha de volta a sua vida que foi temporariamente tragada pelo medo de ter medo. Ainda que Síndrome evolua para o prognóstico de um transtorno crônico, no qual as crises voltem a ocorrer a partir de elementos estressores, o paciente que mantiver as condutas clínicas prescritas pelo médico e psicólogo, terá condições de manejo dessas crises e, até, conseguir alcançar a remissão dos sintomas.

 

Ana Macarini (via Conti Outra)

 

Vejamos dois poderosos conselhos (…) para lidarmos com o medo:

“Se tomarmos conselho com as nossas dúvidas e temores, ou procurarmos solver tudo que não podemos compreender claramente, antes de ter fé, as dificuldades tão-somente aumentarão e se complicarão. Mas se chegarmos a Deus convencidos de nosso desamparo e dependência, tais quais somos, e com humilde e confiante fé fizermos conhecidas nossas necessidades Àquele cujo conhecimento é infinito, e o qual tudo vê na criação, governando todas as coisas por Sua vontade e Palavra, Ele pode atender e atenderá ao nosso clamor, e fará a luz brilhar em nosso coração. Seja em terra ou no mar, se temos no coração o Salvador, nada há a temer. A fé viva no Redentor acalma o mar da vida, e Ele nos protege do perigo da forma que sabe ser a melhor.” (Mente, Caráter e Personalidade 2, p. 475)

“Exponhamos continuamente ao Senhor nossas necessidades, alegrias, pesares, cuidados e temores. Não vamos conseguir sobrecarregá-Lo nem fatigá-Lo. Seu coração amorável se comove com as nossas tristezas, até mesmo com a menção delas. Levemos a Ele tudo que nos causa incômodo. Coisa alguma é muito difícil para Ele, pois sustém os mundos e rege o Universo. Nada que de algum modo se relaciona com a nossa paz é tão insignificante que o não observe. Não há em nossa vida capítulo demasiado obscuro para que o possa ler; perplexidade alguma por demais intrincada para que a possa resolver. Nenhuma calamidade poderá sobrevir ao mais humilde de Seus filhos, ansiedade alguma lhe atormentar o espírito, nenhuma alegria possuí-lo, nenhuma prece sincera escapar-lhe dos lábios, sem que seja observada por nosso Pai celestial, ou sem que Lhe atraia o imediato interesse. As relações entre Deus e cada pessoa são tão particulares e íntimas como se não existisse nenhuma outra por quem Ele houvesse dado Seu bem-amado Filho.” (Caminho a Cristo, p. 100)

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